Linda Rojas

Exames de rotina, como lidar?

Vocês sabem que de seis em seis meses passo por consultas em duas especialidades: a mastologia e oncologia. Além disso, eles fazem pedido de alguns exames, uma espécie de “check up” que, geralmente, ocorrem uma vez por ano.

Nas consultas, me concentro em relatar TUDO, sério, TUDO MESMO, sobre o que acontece de normal e anormal no meu corpo desde o último encontro e por conta disto alguns exames podem ser solicitados, fora os já habituais.

Quando a bateria destes exames começam, ficamos um pouco ansiosos. Mexe com nossas lembranças, mas principalmente rola lá no fundo, um medinho de alguma coisa aparecer de novo. Até os resultados saírem, sempre ficamos apreensivos. Fora esse fator emocional, que para mim é mais tranquilo do que para os meus familiares, preciso lidar com os exames em si.
Alguns procedimentos, não são muito fáceis. Por exemplo, quando precisam usar minha veia 😱

O que acontece é que não podem usar meu braço direito, que foi o lado da mama operada, pois como tiraram um linfonodo da axila (conto mais detalhes depois, num próximo texto), a drenagem do braço não é a mesma. Aí, tudo é aplicado no braço esquerdo, assim como todas as quimioterapias foram e por conta disto minha veia ficou endurecida.

Já estou acostumada que as enfermeiras tenham dificuldade de colocar o acesso, mas vou contar aqui sobre minha última rotina de exames em particular sobre a ressonância magnética.

Agendei o exame para uma sexta-feira e fui acompanhada do Caio, já que minha mãe não pôde pelo trabalho. Levantamos cedo, eu em jejum e fui até animada, porque ia tirar foto e fazer um texto sobre isso. Queria falar que isso faz parte e de como lido bem na maioria das vezes, enfim.

 

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Já preparada para o exame…

Fui para uma sala privada e o Caio ficou na sala de espera. Quando a enfermeira chegou com o material descartável, avisei sobre a quimio, que se possível chamasse uma especialista de veia, pois sabia que era um pouco complicado. Ela quis continuar mesmo assim e senti mais dor de que o normal, mas me avisou que tinha conseguido. Em pouco minutos vi que havia sangue vazando e avisei a ela imediatamente.

Depois de verificar, disse que era normal e estava tudo certo. Comecei a ficar com muita dor e o fato de ver tanto sangue escorrendo, me fizeram ficar com vontade de chorar. Me segurei enquanto ela me colocava dentro do aparelho, mas podia sentir o nó dentro da minha garganta.

Quando estava quase iniciando, senti as gotas escorrendo pelo meu braço e ela se deu conta que aquilo não podia ser normal. Me retirou da cama e me levou de novo para aquela sala. Tirou o acesso e tentou “pegar” outra veia, que estourou imediatamente. Nisso o nó na minha garganta aumentava e me permiti chorar.

Chorei de soluçar enquanto a veia estourava. Chorei porque lembrei do que passei e achava invasivo tudo aquilo. A enfermeira assustada chamou o Caio, que ficou espantado em me ver naquele estado. Contei tudo entre um soluço e outro. Não conseguia parar.

Dentro de alguns instantes chegou uma segunda enfermeira, que carinhosamente limpou meu braço e gentilmente tentou colocar o acesso num lugar diferente. Outra veia estourada. Ela parou imediatamente e pediu para voltar no dia seguinte. Disse que não podia tentar mais, pois compreendeu meu estado e minhas veias estavam muito machucadas.

Saí dali bem abalada e com algumas recomendações para tratar a veia até o dia seguinte. Me sentia mal, mas fui trabalhar mesmo assim. Quando cheguei no escritório, logo todos os meus colegas me perguntaram como havia sido o exame. Quando comecei a contar e as primeiras palavras saíram, também senti as lágrimas escorrendo no meu rosto.

Nesse momento, todos do “open space”, um dos ambientes da empresa, levantaram e meu deram um abraço coletivo. Me senti tão acolhida!

A copeira logo trouxe uma bolsa de gelo e meus amigos deixaram um dos meus curativos mais alegres. Assim fui cuidada o dia todo e no dia seguinte fui com um pouco de medo, mas fui. Levantei pronta para enfrentar aquilo e estava de novo acompanhado pelo amor da minha vida.

Logo quando chegamos fomos recebidos pela segunda enfermeira do dia anterior e por uma especialista de veia. Ela achou uma veia no meu dedo polegar. Foi rápido, simples e indolor. Consegui fazer o exame e o dia anterior havia ficado para trás como um pesadelo.

Esqueci dele até agora, pois minha intenção aqui não é mostrar que sou a Mulher Maravilha e que sou forte sempre, quero mostrar para vocês que nem sempre as coisas saem como imaginávamos. O importante de tudo é que sempre a gente vá lá e enfrente.

A coragem não é “não ter medo”, mas ser maior que ele!!

 

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Um curativo mais alegre 😉

 

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4 Comentários

  • ElEljzabe Cerqueira

    Linda tenha sempre pensamento positivo e muita fé. Passei por isso com meu filho. De 6 em 6 meses rolava um certo estresse, mas com a família e os amigos ajudando e nos dando forças as coisas ficam um pouco mais leve. Estou torcendo por você. Bjs

  • erika

    Meu exame sempre e feito no braco direito, nao sei o motivo pq nao tive o mesmo problema q vc. E ai aconteceu o mesmo q vc, com a diferenca q fiquei dentro da maquina sangrando. Sabia o q tinha acontecido e senti o sangue sujando tudo, mas queria q acabasse o exame, entao aguentei la, qdo o enfermeiro viu todo aquele sangue, se apavorou e chamou ajuda, no fim tinham umas 5 pessoas apavoradas na sala, e eu acalmando todo mundo pq queria sair logo dali. So fui chorar depois. E ruim,é, mas como vc disse no post, temos q ir la e enfrentar.

    • Linda Rojas

      Erika, é verdade. Temos que ser forte e vencer essas dificuldades que aparecem no meio do caminho. Compartilhar essa experiência e ver que tantas outras pessoas passam por situações parecidas, nos fazem ter certeza que é possível vencer!!

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