• Linda Rojas

    Quando descobri que não podia congelar óvulos.

    O segundo diagnóstico de câncer me pegou e me nocauteou. Quando consegui recobrar forças e ainda instável me levantava daquele impacto, levei outro golpe duro. Estava saindo daquela clínica de fertilização, super bem recomendada em pleno Ipanema, aqui no Rio de Janeiro, onde tentei preservar um grande sonho: o de ser mãe. O atendimento tão comercial e sem protocolos tinha apertado meu coração que já estava comprimido com a notícia de recomeçar as sessões de quimioterapia. Mas além disso, quando passei pela porta de saída e andei pelas ruas junto ao Caio, me senti completamente sozinha. Sozinha com a realidade de não ter tempo, nem dinheiro de conseguir congelar óvulos e guardar esse desejo para mais tarde. As lagrimas vieram como se estivessem acumuladas. Deslizavam pelo meu rosto redondo, até chegar ao asfalto quente que as evaporava como a vida estava fazendo com meus planos. Inconsolável, cheguei na esquina da rua principal e vi um refúgio. A Igreja LEIA MAIS [...]
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  • Linda Rojas

    Justiceira, eu?

    Sempre que pergunto ao Caio o que ele mais gosta em mim a resposta é a mesma há 10 anos: seu senso de justiça! Às vezes esse senso me incomoda um pouco, porque acabo carregando algumas indignações, junto à sensação de não ter o controle de tudo. Ou seja, quando vejo algo injusto e não posso fazer nada, aquilo fica como um bichinho me incomodando aqui dentro. Porém, tenho aprendido que nem tudo é como eu gostaria que fosse. Foi essa um pouco da sensação de descobrir o segundo câncer. Achava injusto e não podia fazer nada. Depois fui assimilando e entendendo, mas a verdade é que no calor do momento, me vi vivendo uma injustiça. Aprendi a entender que quem sou eu para analisar se algo desse tipo é injusto ou não? Ou se realmente se trata disso. A resposta pode ser outra, a questão pode ser outra. Hoje sinto a necessidade de falar, de consertar, de redirecionar e faço isso dentro da minha própria vida porque tenho certeza que apesar desse senso apurado, LEIA MAIS [...]
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  • Linda Rojas

    A patologia do mundo 🌎

    Viver o câncer é ter flashs de lembranças em sua mente vez ou outra. São memórias duras desse passado, que muitas vezes me direcionam no presente. Aliás, como deixamos de viver o presente, não é mesmo? Estamos sempre pensando lá na frente e o agora se dilui entre nossos dedos. Assim como uma grande imersão que foi uma doença para mim, agora o mundo se encontra imerso pra tratar sua patologia. Viver o hoje está dentro deste grande desafio global, estamos sendo ensinados a compreender que é um dia de cada vez. Nada pode ter mais emergência do que o agora e a negligência com o presente está sendo prontamente corrigida por um vírus desconhecido que nos obrigou a estarmos dentro de nossas casas. Mais do que isso, nos fez voltar para dentro de nós mesmos. Ganhamos mais atenção, do único indivíduo capaz de adentrar nesse campo esquecido: você! Você e sua alma agora! Como lidar com esse tanto de espaço vazio que estava preenchido com uma peça que não LEIA MAIS [...]
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