Quimioterapia: o agente secreto

Quando fui diagnosticada e o médico me avisou que faria quimioterapia eu, pra falar a verdade, não fazia ideia do que aquilo significava realmente.

Claro que já conhecia essa palavra e sabia que esse era um dos tratamentos para o câncer, porém nunca me aprofundei. Vale lembrar que também nunca havia tido um contato direto com alguém que tivesse passado pela doença.

Então, como você deve imaginar, descobri tudo assim: na lata!

A primeira impressão é que iria sentar naquela poltrona e que o remédio não seria páreo para mim. Sim, isso mesmo, temos uma incrível autoconfiança quando não queremos estar numa posição de vulnerabilidade.

Puncionado o acesso, logo vieram algumas medicações e o soro. Ok, até aí estava tudo bem. A picada no braço tinha sido desconfortável, mas podia aguentar aquilo.

Alguns minutos depois era a vez daquele líquido vermelho descer pelo tubo que ia em direção a minhas finas veias e a expectativa da Linda naquela poltrona continuava. Foi quando as primeiras gotas invadiram meu corpo, senti a força que elas tinham. Me assustei e imediatamente pensei que talvez eu não fosse páreo para ela.

As gotas foram se espalhando mais e mais dentro de mim, numa sensação quente e ardida podia sentir elas escorregando por vários lugares dentro do meu corpo. Navegando numa missão quase secreta, criando um laço invisível e uma relação única entre mim e ela.

Nesse momento, nesse exato momento você percebe que o orgulho não vale a pena, que ser ou estar vulnerável não é um pecado mortal e decide mostrar toda sua fraqueza pra pessoa que você mais a esconde: você mesma!

Seu corpo estar sendo inspecionado por um agente externo é a sensação mais invasiva que senti, contudo não perdi muito tempo ficando contra ele. Entendi que o agente chamado quimioterapia estava do meu lado, que estávamos no mesmo time, na mesma equipe.

Talvez a maior pressão fosse dele, do medicamento, enquanto a mim… sofria com os efeitos colaterais que não demoraram a se manifestar. Tinha permissão para parecer debilitada e reclamar.

A minha maior aliada, a quimioterapia, estava fazendo um trabalho de meses, incansavelmente em troca da minha saúde.

Obrigada, quimio!