Linda Rojas

Só quero empatia!

A empatia é difícil de se manter presente numa rotina cansativa, egoísta e repetitiva. Sabe quando tudo fica mecânico? Quando cumprimos tarefas friamente que quase nem percebemos que em meio a tudo, lidamos com gente.

Quando tratamos com outro ser vivo, humano e fragilizado, por instinto deveríamos ascender algumas emoções, inclusive a empatia.

Em mais ou menos sete anos de exames intensos, rotineiros e constantes, já passei pelos cuidados de muitos profissionais na área da saúde. Lugares públicos e carentes, feios e bonitos, mais sofisticados e confortáveis. Vi de tudo. Vivi de tudo.

Me relacionei nem que seja por alguns momentos com pessoas que escolheram se dedicar a pacientes. Mas tenho sentido que cada vez mais nos entendem e atendem como se tivéssemos uma paciência inesgotável e pudessem tratar a gente como mais material descartável, daqueles que jogam fora na hora depois do nosso atendimento. Próximo!

Só que o próximo, passa por toda essa frieza, além de lidar com um histórico de vida e saúde que geram uma sobrecarga de emoções na hora e ainda… volta pra casa pior de como chegou.

Já tive que enfrentar uma disputa silenciosa de quem seria o primeiro a pegar minha veia, sendo que a primeira coisa que aviso é que tenham cuidado nessa parte. Porém alto lá, que todo mundo parece querer te provar que é capaz ou provar pro coleguinha. Aí fica você, suas lembranças de quimio, seu medo em esperar aquele laudo e uma veia machucada. E o que ninguém vê é que, mais que isso, sua alma sai machucada.

Já entrei num aparelho de ressonância com o acesso sangrando e fazendo uma poça, mas tinham pegado bem a veia, segundo a moça, o que importa se está sangrando, não é mesmo? Nesses momentos trato de conter as lágrimas, no entanto o estrago já foi feito e então libero tudo e sempre caio no choro.

 

Quando a pessoa não tem no perfil dela, naturalmente, a capacidade de ser cordial e empático com o outro, a gente treina.

Treinamento é essencial e ainda que esses lugares na maioria das vezes tenham faculdades de treinamento (geralmente grandes grupos têm) para esses profissionais, alguma coisa não está dando certo.

E não me digam que é falta de verba para o investimento, pois meu primeiro tratamento foi num hospital público (com estrutura caindo aos pedaços), ainda assim com porteiros sorridentes que me chamavam pelo nome, enfermeiras que sabiam pegar minha veia e lembravam que sou corintiana, brincavam comigo e me abraçavam na hora de ir embora.

Algum dia, minha voz vai poder ajudar a aprimorar esses serviços. Nossa voz não pode ficar oprimida e não podemos aceitar ser minimamente bem atendidos, ainda mais clínicas e consultórios particulares.

Mais empatia por favor!! 🙏🏻

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Um comentário

  • Carolina

    É isso…empatia! Falta muito. Conhecemos vários tipos de pessoas quando passamos por uma doença… E tem de tudo. Quero ser TB mais empática! Aprendendo com tudo que vivi. Obrigada pelo texto!

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