Sobre dor!
Terapia era algo que sempre ouvia falar, mas nunca sequer me interessei. Um grande psiquiatra amigo da família me explicou o quanto seria bom conversar com alguém, com um profissional e me indicou uma psicanalista e estou indo nela até hoje.
Desta vez, quando fiquei doente, sofri demais. Acho importante enfatizar isto, pois apesar de já ter falado nisso diversas vezes, acho que ainda fica uma impressão de que passei por tudo “numa boa”.
Eu sofri como nunca sofri antes, doeu como nunca nada na minha vida tinha feito doer. Fiquei de mãos atadas tendo que enfrentar meu pior pesadelo e o pior de tudo foi saber o que eu teria que enfrentar, já que tinha enfrentado aquilo antes.
Chorei quando senti meu corpo sofrendo os efeitos colaterais da quimio, chorei no chuveiro enquanto sentia meus cabelos escorrendo pelo meu corpo nu e quando saía enrolada na toalha e pensava que as lágrimas tinham acabado, mas logo olhava no espelho e identificava as marcas da doença, os cílios ralos, sobrancelha fina… até que tudo foi desaparecendo, menos as lágrimas.
Desabafava com meu grande amor e companheiro, o Caio, ele presenciou toda esse sofrimento e jamais esquecerei seus olhinhos brilhantes me olhando agonizar. Seu apoio às vezes sem precisar falar nada, seu abraço e sua proteção foram com certeza parte da minha cura.
Mas quase no final do tratamento, passei a ter encontros semanais com a psicanalista e entendi que é ótimo ter alguém para desabar e desabafar, mas é melhor ainda para nossa saúde mental, ter um profissional para isto e também é super saudável ter esse acompanhamento, ainda para quem não tem qualquer desabafo (o que acho difícil, mas…).
É um aliado, preparado para aquilo, para todos os momentos.
Outro dia, perguntei a ela se achava que eu tinha algum tipo de depressão. Tive essa curiosidade, principalmente para tentar me compreender (coisa que faço muito) ou tentar justificar o porquê chorei e senti tanto (comparado a outra vez).
A resposta de início apareceu com outra pergunta: “Linda, você acha que tem depressão?”.
Eu não pensei muito e respondi que NÃO, já que como sempre conto para vocês, meus momentos de tristeza apesar de intensos e doloridos, sempre foram menores do que os de felicidade. Tive a sorte de sempre perceber a alegria, o amor, apoio e soluções que sempre me rodeavam. Foi possível eu sofrer daquele jeito e ao mesmo tempo ser muito feliz. Sei que parece loucura, mas é complicado mesmo.
Na sequência ela muito esperta, percebeu o motivo da minha pergunta e continuou: “Linda, desta vez você estava mais conectada com sua dor e isso não é ruim, os momentos de tristeza e dor que você teve, condizem com o que você estava passando.”
Quero dizer aqui que não sou uma super heroína, não sou de ferro e mesmo que alguém pareça, você não precisa ser. A doença ou outro desafio que você esteja passando é um saco, uma das piores situações que alguém gostaria de viver, então fique à vontade para lamentar, espernear, gritar e se sentir triste. Não se cobre para estar “numa boa” o tempo todo, não se pressione a ser forte o tempo todo porque o coleguinha é, porque você sempre foi o alicerce de sua família ou porque você simplesmente não gosta de parecer fraco. Permita-se esses momentos, porque se formos sábios, podemos usar todos esses sentimentos para nos impulsionar para a “saída”. Que tudo isso seja um grande motivador para a cura ou vitória do seu desafio.
Indico também (e não canso de repetir), que você observe o limite “saudável” desse sofrimento. Se você notar que, ao contrário de mim, sua dor e tristeza não passam, seu choro não cessa nunca e em nada você consegue perceber alegria, fé ou felicidade, procure ajuda. Converse sobre isso com seu médico, com seus familiares e SE ajude.
A vida é nosso maior patrimônio, eu me amo e não sou feliz sendo triste, então se o choro me ajudou em alguns períodos a aliviar a minha dor, usarei ele de bom grado, mas não quero precisar dele sempre, porque quero chegar ao nível (mais ou menos esse que estou agora), que a dor passe, que a tristeza vá embora e que as lágrimas sejam de emoção.
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3 Comentários
Nívia Sant'Anna Gonçalves Lima
Vc é uma querida em minha vida! Te sigo algum tempo já é tem sido um acalanto pra mim. Estou passando por todo esse processo e encontro aqui uma energia pra continuar a luta. Um grande beijo em vcs dois
Linda Rojas
Que alegria ler isso Nivia ♥ fazemos este projeto com muito amor e torcemos pela felicidade de todos nosso seguidores 🙂
alexandro
muito bom esse site gostei bastante.Parabéns pelo conteúdo