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Chorar o câncer…
Nesse final de ano fiquei um pouco sensível e não foi necessariamente pelas festas e a virada de um novo ciclo. Comecei antes disso, a me sentir emotiva demais. Como se alguém tivesse aberto uma porteira que há tempos estava fechada. As lágrimas pareceram se sentir livres de uma vez por todas e se apaixonaram pelo mundo exterior, além dos olhos. Gostaram de acariciar minha face, de umedecer meu olhar e aliviar algo aqui dentro. Juro, podia estar vendo uma série, que uma cena qualquer me dava vontade de chorar. Algumas outras vezes o choro continha um pouco de dor e tristeza. Comecei a relembrar algumas fases no meu tratamento e chorava desconsolada por não acreditar que vivi tudo aquilo. É porque olhando para trás, a gente não entende como tivemos força. Foi tanta coisa. Faz pouco mais de três anos que estou em remissão e ainda abro gavetas na minha alma para liberar dores acumuladas e tristezas ocultas. Acho isso natural, saudável e se pararmos para analisar, LEIA MAIS [...] -
Um pânico na Quimio
Nesse meu último tratamento, passei por 4 ciclos da quimioterapia branca. Foram 4 meses em que revivi a parte mais difícil de ter tido câncer, claro, isso sob meu ponto de vista. A questão é que ainda vivi desconfortos inigualáveis com a touca térmica. Na esperança de manter os fios me submeti a baixos graus de temperatura justamente enquanto a medicação que precisava entrava pelas minhas veias. Confesso que a combinação não era nada agradável. Na segunda aplicação, fui mais preparada. Levei roupa de neve, sem brincadeira, e assim consegui ficar mais aquecida. Parecia que tudo bem quando comecei a ficar com um desespero desconhecido. Como se estivesse com algum tipo de ataque de pânico. Minha visão ficou turva e a fobia por estar atrelada a um acesso, à medicação e ao tubo que enviava ar frio para meu “capacete” me deixou descontrolada. Segurei o impulso de arrancar tudo e levantar daquela cadeira. Era uma vontade enlouquecida e sinceramente não sei LEIA MAIS [...] -
De volta ao passado
Sabe quando você do nada relembra alguma cena do passado? Você parece um personagem silencioso deslizando pela própria memória, assistindo inerte a algo que marcou sua vida. De repente você se torna telespectador da sua própria existência num passado que não foi tão há tanto tempo assim. Há tempos que esse rompantes não surgiam, principalmente os que me levavam de volta à doença. Mas hoje me teletransportei nas semanas antes do meu diagnóstico e me vi num processo solitário de incertezas, uma espera torturante para saber o futuro da minha saúde. Tinha pessoas do meu lado, eu sei, mas somente eu estava sentindo daquela forma, daquele jeito. Se tratava de mim, a final de contas. Era minha vida que estava em jogo. Chorar com essas lembranças começa com tristeza, logo é como um desabafo, um peso que sai, que te deixa meio melancólico, mas que te faz abrir os pulmões e sente bastante ar entrando neles, enquanto os resquícios de dor vão saindo e em instantes LEIA MAIS [...]