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Segurando o choro
Eu estava sentada esperando pela minha última quimioterapia, no meu primeiro diagnóstico. A espera às vezes era longa, pois o remédio vinha de outro andar onde era manipulado pela farmácia do hospital público que me tratei. Os bancos eram de madeira e no espaço estreito mal cabia meu quadril inteiro. Para passar o tempo reparava nas pessoas que circulavam ali, com seus gorros, perucas e carecas. Logo iria embora e só voltaria para consultas de acompanhamento, mas só depois de alguns meses. Aquilo me fazia olhar com mais atenção para cada detalhe que tinha no meu campo de visão. Senti meus olhos ficando úmidos e lembrei que minha mãe estava ao meu lado. Sequei discretamente as lágrimas e tratei de segurar aquele turbilhão de coisas que estava sentindo, não queria que minha mãe me visse chorar e que ficasse triste, mesmo que a emoção fosse de felicidade. Quando me chamaram, entrei na sala de quimioterapia e logo reconheci alguns rostos naquelas LEIA MAIS [...] -
Quando descobri que não podia congelar óvulos.
O segundo diagnóstico de câncer me pegou e me nocauteou. Quando consegui recobrar forças e ainda instável me levantava daquele impacto, levei outro golpe duro. Estava saindo daquela clínica de fertilização, super bem recomendada em pleno Ipanema, aqui no Rio de Janeiro, onde tentei preservar um grande sonho: o de ser mãe. O atendimento tão comercial e sem protocolos tinha apertado meu coração que já estava comprimido com a notícia de recomeçar as sessões de quimioterapia. Mas além disso, quando passei pela porta de saída e andei pelas ruas junto ao Caio, me senti completamente sozinha. Sozinha com a realidade de não ter tempo, nem dinheiro de conseguir congelar óvulos e guardar esse desejo para mais tarde. As lagrimas vieram como se estivessem acumuladas. Deslizavam pelo meu rosto redondo, até chegar ao asfalto quente que as evaporava como a vida estava fazendo com meus planos. Inconsolável, cheguei na esquina da rua principal e vi um refúgio. A Igreja LEIA MAIS [...] -
10 curiosidades que ninguém te conta sobre o tratamento
Já imaginou ter o diagnóstico do câncer e não entender nada do assunto? É o que acontece na maioria das vezes ou por falta de informação ou por falta de contato com pessoas que já tiveram. Não estou falando que temos que necessariamente saber de cada detalhe, mas eu era tão leiga no assunto que quando o médico me avisou que o cabelo cairia eu simplesmente tinha certeza que isso não ia acontecer comigo. Hi hi hi, bobinha! Mas a falta desse assunto ser falado mais abertamente me fez descobrir muitas coisas no susto e olha que eu pesquisava muito, então vou contar detalhes que possivelmente você não sabia: 1- Minutos antes de entrar na cirurgia o médico vai rabiscar, com uma caneta especial, toda a área para se guiar na operação. Você vira tipo um mapa humano. 2- No pós-cirúrgico você vai descobrir que ninguém, absolutamente ninguém vai conseguir fazer um rabo de cavalo decente em você. Aí você vai parecer um tiranossauro Rex tentando fazer sozinha, mas LEIA MAIS [...]