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Uma carta para o câncer…
Oi! Nem sei se gostaria de te dizer “oi”. Se você fosse alguém, de repente seria aquele tipo de pessoa a qual eu viro o rosto quando vejo. E olha que eu não sou de fazer esse tipo de coisa. Não sei ao certo a melhor maneira de começar isto, quem sabe com um aceno de cabeça bem curto, para você entender definitivamente que não vou com a sua cara ou melhor, uma levantada de sobrancelhas que provoca menos movimento ainda no meu corpo. Na verdade, sinto que nem isso deveria te oferecer, mas como sou educada e extremamente sincera, vou te falar um par de coisas. Nunca fui a pessoa mais feliz do mundo, ao contrário, já sofri demais e tive que amadurecer antes do que deveria por uma série de eventos e falta de estrutura familiar que nenhuma criança deveria passar. Mas eu passei, assim como milhares de jovens ainda passam. Antes, a coisa que mais me causava dor era pensar nas injustiças, todas elas. As comigo ou as feitas a qualquer desconhecido. Não gosto de injustiças. Mas LEIA MAIS [...] -
10 curiosidades que ninguém te conta sobre o tratamento
Já imaginou ter o diagnóstico do câncer e não entender nada do assunto? É o que acontece na maioria das vezes ou por falta de informação ou por falta de contato com pessoas que já tiveram. Não estou falando que temos que necessariamente saber de cada detalhe, mas eu era tão leiga no assunto que quando o médico me avisou que o cabelo cairia eu simplesmente tinha certeza que isso não ia acontecer comigo. Hi hi hi, bobinha! Mas a falta desse assunto ser falado mais abertamente me fez descobrir muitas coisas no susto e olha que eu pesquisava muito, então vou contar detalhes que possivelmente você não sabia: 1- Minutos antes de entrar na cirurgia o médico vai rabiscar, com uma caneta especial, toda a área para se guiar na operação. Você vira tipo um mapa humano. 2- No pós-cirúrgico você vai descobrir que ninguém, absolutamente ninguém vai conseguir fazer um rabo de cavalo decente em você. Aí você vai parecer um tiranossauro Rex tentando fazer sozinha, mas LEIA MAIS [...] -
Sobre engravidar…
Lembro de estar andando nas ruas de Ipanema, após sair daquela clínica chique, que apesar dos móveis caros e estrutura ostensiva, havia esquecido do atendimento humanizado, que principalmente, meu caso requeria. Havia tentado congelar óvulos e a algumas semanas estava injetando estimulantes em minha barriga, mas os folículos não estavam crescidos o bastante e eu precisava interromper o tratamento para começar a quimioterapia. Queria andar sem rumo, mas a solidão que desejava nesse momento, era invadida por pessoas indo e vindo, com pressa, seguindo suas vidas perfeitas, enquanto eu estava passando por um pesadelo. O câncer havia voltado e tinha acabado de retirar os seios, mas não tivera tempo de chorar essa perda, porque não havia tempo a perder. Quando me levantava e me recuperava de uma coisa, vinha mais outro desafio a ser cumprido. E correr o risco de não poder engravidar era a pancada da vez. Entrei naquela igreja como para me esconder, queria chorar em paz, LEIA MAIS [...]