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Deixe o que tiver que ir…ir!
Geralmente quando alguma coisa muito ruim passa, a tendência é a gente esquecer o quão ruim foi a situação. O corpo humano em toda sua complexidade tem uma sabedoria transcendental. Sabe aquele namorado(a) que te fazia mal, que te diminuía, que tinham mais momentos de briga do que de fato de amor? Sabe quando você realmente consegue se desvencilhar dessa pessoa entendendo o quanto ela não te fazia bem? Aí, depois de um tempo, você encontra esse ser e ele parece simpático, assim de passagem, e logo sua mente só traz as lembranças boas e você se pega pensando: ah, não era tão ruim assim. Isso acontece porque nosso corpo e mente se desprendem daquilo que faz doer. O que é bom! Porém pode ser uma armadilha se não soubermos diferenciar o que proporciona realmente o nosso bem-estar. Eu prefiro manter longe as dores que o câncer me trouxe, apesar das lembranças ainda estarem muito afloradas em mim, mas também escolho não esquecer o grande aprendizado que obtive e LEIA MAIS [...] -
Reiniciar…
De repente tudo começa de novo, mas de alguma forma você se sente estacionada. De repente você tem novas chances, mas ainda assim não esquece que muita coisa ficou pra trás. De repente você ganhou mais tempo, mas é impossível não lembrar que também já perdeu muito. Não é fácil só olhar pra frente, pois quem constrói tudo o que somos hoje e o nosso depois é o nosso antes. O meu antes tem dois extremos: felicidade demais e uma parte pequena de dor. Essa dor me ajudou a me transformar numa pessoa melhor, tirou a trave dos meus olhos e por incrível que pareça, ganhei algumas coisas boas. Mas a lembrança dessa dor ainda é recente e revoltante. Ainda sinto que preciso alcançar objetivos maiores, além da cura, claro. Parece que de alguma forma quero ser “ressarcida” pelo sofrimento e as consequências dele. Às vezes queria que os meus sonhos simplesmente viessem a mim e se realizassem, às vezes eu acho injusto ter que fazer algum esforço pra isso, pois já acabei LEIA MAIS [...] -
Sobre dor!
Terapia era algo que sempre ouvia falar, mas nunca sequer me interessei. Um grande psiquiatra amigo da família me explicou o quanto seria bom conversar com alguém, com um profissional e me indicou uma psicanalista e estou indo nela até hoje. Desta vez, quando fiquei doente, sofri demais. Acho importante enfatizar isto, pois apesar de já ter falado nisso diversas vezes, acho que ainda fica uma impressão de que passei por tudo “numa boa”. Eu sofri como nunca sofri antes, doeu como nunca nada na minha vida tinha feito doer. Fiquei de mãos atadas tendo que enfrentar meu pior pesadelo e o pior de tudo foi saber o que eu teria que enfrentar, já que tinha enfrentado aquilo antes. Chorei quando senti meu corpo sofrendo os efeitos colaterais da quimio, chorei no chuveiro enquanto sentia meus cabelos escorrendo pelo meu corpo nu e quando saía enrolada na toalha e pensava que as lágrimas tinham acabado, mas logo olhava no espelho e identificava as marcas da doença, os cílios LEIA MAIS [...]