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Quando descobri que não podia congelar óvulos.
O segundo diagnóstico de câncer me pegou e me nocauteou. Quando consegui recobrar forças e ainda instável me levantava daquele impacto, levei outro golpe duro. Estava saindo daquela clínica de fertilização, super bem recomendada em pleno Ipanema, aqui no Rio de Janeiro, onde tentei preservar um grande sonho: o de ser mãe. O atendimento tão comercial e sem protocolos tinha apertado meu coração que já estava comprimido com a notícia de recomeçar as sessões de quimioterapia. Mas além disso, quando passei pela porta de saída e andei pelas ruas junto ao Caio, me senti completamente sozinha. Sozinha com a realidade de não ter tempo, nem dinheiro de conseguir congelar óvulos e guardar esse desejo para mais tarde. As lagrimas vieram como se estivessem acumuladas. Deslizavam pelo meu rosto redondo, até chegar ao asfalto quente que as evaporava como a vida estava fazendo com meus planos. Inconsolável, cheguei na esquina da rua principal e vi um refúgio. A Igreja LEIA MAIS [...] -
Um sonho do tamanho de um elefante…
Em algum momento parei de sonhar. Com a análise descobri que perto de 2 momentos marcantes de felicidade em minha vida, a vida bruscamente me levou para as 2 situações mais tristes que já vivi. Os cânceres! Na primeira vez, eu ainda namorava o Caio e estávamos dando um grande passo. Íamos à Paris, numa viagem romântica e isso, de alguma forma, nos mostrava o caminho que o nosso relacionamento estava indo. Estava feliz! Lembro da sensação daquela felicidade e de pensar: alguma coisa deve acontecer, pois não é normal estar tão realizada. Dito e feito. Voltei e encarei meu primeiro câncer! Na segunda vez, estava vestida de noiva e provavelmente já existia um caroço ali, entre meus convidados, a música e um dos dias mais felizes da minha vida. Depois de dois meses de casada, descobri a recidiva! Isso quer dizer que sempre que estou muito feliz, acho que algo relacionado a doença pode atropelar o meu sorriso. Inconscientemente me saboto e sempre surge uma gripe, uma LEIA MAIS [...] -
Mantendo a mente sã!
A mente comanda o corpo. Frase que uso muito, pois de fato acredito nela. Passei por dois cânceres e minha cabeça “boa” foi fundamental para não sair completamente dos trilhos. Mas quando eu falo parece que é fácil, mais do que isso, que é um ato intrínseco meu, inerente às minhas características. Justamente por isso, escuto muitas vezes algumas justificativas do tipo: “ah, mas você é mais forte” ou “é que pra mim é mais difícil”. Fico levemente irritada porque desmerece todo o meu esforço. Como se matar um leão por dia não demandasse empenho e o desenvolvimento de muitas habilidades para conseguir chegar a esse resultado. E, ao contrário do que muitos imaginam, para chegar a esse resultado dói! Dói à beça. Quando passei pelo segundo câncer de mama, juro que achei que não sobreviveria, não por medo de morrer, mas pra mim, ela poderia acabar com a minha mente majoritariamente sã. Em inúmeros momentos me vi desequilibrada. A dor causa LEIA MAIS [...]