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Segurando o choro
Eu estava sentada esperando pela minha última quimioterapia, no meu primeiro diagnóstico. A espera às vezes era longa, pois o remédio vinha de outro andar onde era manipulado pela farmácia do hospital público que me tratei. Os bancos eram de madeira e no espaço estreito mal cabia meu quadril inteiro. Para passar o tempo reparava nas pessoas que circulavam ali, com seus gorros, perucas e carecas. Logo iria embora e só voltaria para consultas de acompanhamento, mas só depois de alguns meses. Aquilo me fazia olhar com mais atenção para cada detalhe que tinha no meu campo de visão. Senti meus olhos ficando úmidos e lembrei que minha mãe estava ao meu lado. Sequei discretamente as lágrimas e tratei de segurar aquele turbilhão de coisas que estava sentindo, não queria que minha mãe me visse chorar e que ficasse triste, mesmo que a emoção fosse de felicidade. Quando me chamaram, entrei na sala de quimioterapia e logo reconheci alguns rostos naquelas LEIA MAIS [...] -
Depois do câncer – 1 ano
Nesta semana, no dia 17, vai completar 1 ano que o meu tratamento acabou. Lembro de estar completamente emocionada no fim da última quimio, de fazer o trajeto da clínica até minha casa chorando de alegria. Lembro que era um sonho. Na verdade, parecia mentira que eu tinha vivido tudo aquilo, de novo. Foi intenso, mas finalmente tinha passado. Compartilhei junto a vocês e recebi inúmeras mensagens de felicidade aí do outro lado. Também eram enviados alguns vídeos onde muitos também estavam com os olhos marejados ou simplesmente aos prantos como eu. Vocês se envolveram comigo. Vocês fizeram correntes de oração, pediram, desejaram a minha cura. Fui totalmente abraçada de alguma forma por cada um de vocês. Depois desse tempo, viver curada é agradecer todo dia pela solidariedade de tantas pessoas boas. É levantar e sorrir por não se sentir doente. É se pegar tocando os cabelos e acompanhar apaixonadamente cada milímetro de crescimento, pois existe uma simbologia inexplicável LEIA MAIS [...]