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Justiceira, eu?
Sempre que pergunto ao Caio o que ele mais gosta em mim a resposta é a mesma há 10 anos: seu senso de justiça! Às vezes esse senso me incomoda um pouco, porque acabo carregando algumas indignações, junto à sensação de não ter o controle de tudo. Ou seja, quando vejo algo injusto e não posso fazer nada, aquilo fica como um bichinho me incomodando aqui dentro. Porém, tenho aprendido que nem tudo é como eu gostaria que fosse. Foi essa um pouco da sensação de descobrir o segundo câncer. Achava injusto e não podia fazer nada. Depois fui assimilando e entendendo, mas a verdade é que no calor do momento, me vi vivendo uma injustiça. Aprendi a entender que quem sou eu para analisar se algo desse tipo é injusto ou não? Ou se realmente se trata disso. A resposta pode ser outra, a questão pode ser outra. Hoje sinto a necessidade de falar, de consertar, de redirecionar e faço isso dentro da minha própria vida porque tenho certeza que apesar desse senso apurado, LEIA MAIS [...] -
Mundo Invertido
Quando a gente tem o diagnóstico, automaticamente você entra num mundo paralelo e sempre foi muito difícil conseguir explicar essa experiência. Porque quando começo a falar dela, claramente se abre essa lembrança na minha mente e consigo ver exatamente o cenário. Aí, queria que vocês entrassem na minha cabeça e entendessem essa parte da história, assim, como um filme. Você sai do consultório e sem mais nem menos o mundo está totalmente diferente. Começa a andar e provavelmente vai pra casa, você só quer ir pra casa, para liberar todas as emoções sem olhares pelo caminho. Olhando a cidade e ruas que conhece, repara que tudo parece estar em câmera lenta, o ar fica denso e de tão denso parece que tem cor. Aí, embora seja dia, tudo parece desbotado, não cinza, mas desbotado. Apático. Você pensa em tudo em que está passando e sem querer seu olhar para em algumas pessoas e tenta imaginar como elas com certeza não têm ideia do que você está vivendo. Elas estão LEIA MAIS [...]