Lembro de estar andando nas ruas de Ipanema, após sair daquela clínica chique, que apesar dos móveis caros e estrutura ostensiva, havia esquecido do atendimento humanizado, que principalmente, meu caso requeria.
Havia tentado congelar óvulos e a algumas semanas estava injetando estimulantes em minha barriga, mas os folículos não estavam crescidos o bastante e eu precisava interromper o tratamento para começar a quimioterapia.
Queria andar sem rumo, mas a solidão que desejava nesse momento, era invadida por pessoas indo e vindo, com pressa, seguindo suas vidas perfeitas, enquanto eu estava passando por um pesadelo. O câncer havia voltado e tinha acabado de retirar os seios, mas não tivera tempo de chorar essa perda, porque não havia tempo a perder.
Quando me levantava e me recuperava de uma coisa, vinha mais outro desafio a ser cumprido. E correr o risco de não poder engravidar era a pancada da vez.
Entrei naquela igreja como para me esconder, queria chorar em paz,
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