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Chorar o câncer…
Nesse final de ano fiquei um pouco sensível e não foi necessariamente pelas festas e a virada de um novo ciclo. Comecei antes disso, a me sentir emotiva demais. Como se alguém tivesse aberto uma porteira que há tempos estava fechada. As lágrimas pareceram se sentir livres de uma vez por todas e se apaixonaram pelo mundo exterior, além dos olhos. Gostaram de acariciar minha face, de umedecer meu olhar e aliviar algo aqui dentro. Juro, podia estar vendo uma série, que uma cena qualquer me dava vontade de chorar. Algumas outras vezes o choro continha um pouco de dor e tristeza. Comecei a relembrar algumas fases no meu tratamento e chorava desconsolada por não acreditar que vivi tudo aquilo. É porque olhando para trás, a gente não entende como tivemos força. Foi tanta coisa. Faz pouco mais de três anos que estou em remissão e ainda abro gavetas na minha alma para liberar dores acumuladas e tristezas ocultas. Acho isso natural, saudável e se pararmos para analisar, LEIA MAIS [...] -
Justiceira, eu?
Sempre que pergunto ao Caio o que ele mais gosta em mim a resposta é a mesma há 10 anos: seu senso de justiça!
Às vezes esse senso me incomoda um pouco, porque acabo carregando algumas indignações, junto à sensação de não ter o controle de tudo.
Ou seja, quando vejo algo injusto e não posso fazer nada, aquilo fica como um bichinho me incomodando aqui dentro. Porém, tenho aprendido que nem tudo é como eu gostaria que fosse.
Foi essa um pouco da sensação de descobrir o segundo câncer. Achava injusto e não podia fazer nada. Depois fui assimilando e entendendo, mas a verdade é que no calor do momento, me vi vivendo uma injustiça.
Aprendi a entender que quem sou eu para analisar se algo desse tipo é injusto ou não? Ou se realmente se trata disso. A resposta pode ser outra, a questão pode ser outra.
Hoje sinto a necessidade de falar, de consertar, de redirecionar e faço isso dentro da minha própria vida porque tenho certeza que apesar desse senso apurado, LEIA MAIS [...]
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A patologia do mundo 🌎
Viver o câncer é ter flashs de lembranças em sua mente vez ou outra. São memórias duras desse passado, que muitas vezes me direcionam no presente.
Aliás, como deixamos de viver o presente, não é mesmo?
Estamos sempre pensando lá na frente e o agora se dilui entre nossos dedos. Assim como uma grande imersão que foi uma doença para mim, agora o mundo se encontra imerso pra tratar sua patologia.
Viver o hoje está dentro deste grande desafio global, estamos sendo ensinados a compreender que é um dia de cada vez.
Nada pode ter mais emergência do que o agora e a negligência com o presente está sendo prontamente corrigida por um vírus desconhecido que nos obrigou a estarmos dentro de nossas casas.Mais do que isso, nos fez voltar para dentro de nós mesmos. Ganhamos mais atenção, do único indivíduo capaz de adentrar nesse campo esquecido: você!
Você e sua alma agora! Como lidar com esse tanto de espaço vazio que estava preenchido com uma peça que não LEIA MAIS [...]