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Uma carta para o câncer…
Oi! Nem sei se gostaria de te dizer “oi”. Se você fosse alguém, de repente seria aquele tipo de pessoa a qual eu viro o rosto quando vejo. E olha que eu não sou de fazer esse tipo de coisa. Não sei ao certo a melhor maneira de começar isto, quem sabe com um aceno de cabeça bem curto, para você entender definitivamente que não vou com a sua cara ou melhor, uma levantada de sobrancelhas que provoca menos movimento ainda no meu corpo. Na verdade, sinto que nem isso deveria te oferecer, mas como sou educada e extremamente sincera, vou te falar um par de coisas. Nunca fui a pessoa mais feliz do mundo, ao contrário, já sofri demais e tive que amadurecer antes do que deveria por uma série de eventos e falta de estrutura familiar que nenhuma criança deveria passar. Mas eu passei, assim como milhares de jovens ainda passam. Antes, a coisa que mais me causava dor era pensar nas injustiças, todas elas. As comigo ou as feitas a qualquer desconhecido. Não gosto de injustiças. Mas LEIA MAIS [...] -
A palavra que ajuda…
Às vezes consigo navegar para os mais diversos lugares e recortar lembranças, pausadamente ou acelerando algumas partes que de alguma forma não quero duplicar dentro de mim. Assim crio meu próprio teletransporte e entro nele numa viagem que sempre me leva ao passado, como se o equipamento ainda não pudesse alcançar tal tecnologia que ofereça a opção para o futuro. Meu teletransporte é ativado em muitas situações e entro numa espécie de transe que me leva às mais lindas ou duras memórias. Esta semana, estive navegando para o ano de 2012 e o início do meu tratamento de quimioterapia. Me vejo sentando numa poltrona preta um pouco gasta e procuro uma posição confortável. Sei que estarei ali algumas horas e pelo que tinham me dito a medicação começa a agir assim que entra na minha veia, que agora estão puncionando. O remédio avermelhado que tem um longo nome, é rápido em encontrar o caminho até meu organismo e me sinto como uma feiticeira tentando mexer o nariz, LEIA MAIS [...] -
Medindo palavras…
Muitas vezes me vejo medindo palavras e super explicando um assunto fácil. Faço isso porque tenho pavor de problematização então assumo uma responsabilidade maior do que deveria esperando que as pessoas não mal interpretem ou não coloquem em mim palavras que nunca disse. As pessoas ultimamente gostam de fazer isso e sempre colocam o seu “problema” numa mensagem sua que nada tem a ver com ele. Distorcem e contorcem o que realmente foi dito só para trazer em pauta os seus próprios dilemas e confusões. Meu conselho é que criem coragem e criem suas próprias pautas e que estas não sejam intrusas nas minhas. Outro fator que vejo bastante é a falta de responsabilidade na escuta. Ninguém quer se esforçar em entender o que realmente foi dito. Aí acontece algo fulminante...a quebra da autenticidade. Falar sobre câncer, sobre uma doença, sobre vida, por si só já traz uma grande capacidade de pensar e repensar no que vai ser compartilhado e, mais do que tudo, deixar LEIA MAIS [...]