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Relembrar
Pensar em escrever sobre o que já passou, contém alguns desafios: relembrar de tudo e fazer pessoas queridas voltarem no tempo, mexer com sentimentos que estavam adormecidos e, além disso, surpreender a alguns conhecidos que por, incrível que pareça, não sabiam que tive câncer. Fiquei bastante surpresa com a repercussão do blog, pois de imediato comecei a receber inúmeras mensagens de amigos, conhecidos e, para minha felicidade, mensagens de pessoas que ainda não tenho contato. Não as conheço por um lado, mas muitas das vezes abro suas fotos e logo vejo que algumas delas ainda estão em tratamento e então sinto que de alguma forma estamos ligadas. Pelo números de acessos, sei que outros estavam lendo, mas quando recebo essas mensagens carinhosas, fico muito emocionada. Automaticamente abro um sorriso, muitas vezes em meio a lágrimas, pois me mostra que tudo está valendo a pena. Relembrar de tudo às vezes dói, mas nada comparado à sensação de felicidade em LEIA MAIS [...] -
Quarto de hospital
Quando me internei num domingo fui preparada com minha mala de mão e nela alguns livros, uma bíblia, um pijama azul quentinho que a avó do Caio tinha me dado e coragem, muita coragem. Fiz a papelada junto a minha família e logo fui encaminhada para o quarto que seria compartilhado com mais 5 pacientes. Andando naqueles corredores o hospital parecia tão grande, pouco cuidado, mas as pessoas que encontrei ali foram pessoas sábias, de fé e cheias de amor. Fiquei numa cama perto da janela. Estávamos no inverno e, apesar de estarmos no Rio de Janeiro, fazia muito frio. Minha mãe logo deixou minha cama o mais aconchegante possível, com a colcha e travesseiro que havíamos levado. Eles tiveram que ir embora ao anoitecer e eu logo pusera meu pijama azul de plush e deitei o mais aquecida que pude. Ao meu lado uma senhora rezava alto e às vezes entoava algum cântico evangélico que me trazia paz. Ao outro lado, perto da porta, uma jovem loira com um sorriso enorme era muito LEIA MAIS [...] -
O que realmente importa
Minha mãe é uma heroína e com certeza me dá a estrutura para enfrentar qualquer obstáculo. Além da força, mesmo parecendo tão frágil (só parece), ela me dá amor. Amor puro que entra em minha alma e é capaz de me encher de esperança e energia. Falar sobre câncer ainda a deixa muito desconfortável, ao contrário de mim, que saio contando para todo mundo. Ela sempre diz que eu assusto as pessoas e que não percebo que ficam impactadas quando abordo com naturalidade alguns procedimentos que tive que fazer ou alguma história ligada a isso. Falo disso espontaneamente, pois faz parte de mim. Essa é minha história assim como tantas outras que tenho, tristes ou felizes. Sei que parece óbvio classificar esse período da minha vida como triste, mas dentro dele tive tantos momentos felizes, aprendi tantas coisas e na maioria das vezes me senti tão especial. Não! Não gostaria de passar por isso de novo, mas já que passei vamos tirar o bom disto 🙂 Quando expus para LEIA MAIS [...]