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Na dúvida? Pergunte!
Após as cirurgias, começamos a nos preparar para o tratamento e já estava sendo acompanhada por duas especialidades, a mastologia e oncologia. O médico disse que consistiria em 6 sessões de quimioterapia com intervalos de 21 em 21 dias cada. Seriam 3 "vermelhas" e 3 "brancas". Não sei suas composições nem seus nomes técnicos, as chamo assim em referência às suas cores, claro, mas também porque fazia parte do nosso dialeto na sala de enfermagem. Após 4 meses desse primeiro procedimento daria um intervalo e logo 28 dias seguidos (menos final de semana) com sessões de radioterapia. Estávamos na sala com o médico minha mãe, o Caio e meu irmão que havia vindo às pressas do Chile para nos prestar apoio e amor. Era o que precisávamos. Lembro do oncologista nos dando as últimas informações e o Caio, como sempre fazia nas consultas, tirava seu caderninho da mochila e anotava tudo. Nós fazíamos muitas perguntas e não nos permitíamos sair dali com nenhuma dúvida. Como LEIA MAIS [...] -
Amizade
Quando cheguei ao Rio há uns 15 anos, demorei um pouco para fazer amigos. Estava voltando do Chile e considerava que lá a amizade tinha mais valor e acabava não confiando muito em ninguém por aqui. Colegas eu tinha uns tantos e, de fato, nunca estava desacompanhada, mas sabia que aquilo não era ainda o que eu estava esperando para chamar alguém de "amigo". Quando passamos por situações limites é um bom momento para perceber quem estará ali do seu lado e apoiará independente de tudo. Tenho carinho, consideração e amor por um bocado de gente que sei que me quer bem, mas depois que tive câncer confesso que alguns sumiram, ou pessoas que pensei que iriam se aproximar, não o fizeram. Sempre imagino aquele tumor como algo que remetem "coisas" amarradas em minha rotina e sinto que quando o retiraram houve também uma limpeza em vários aspectos de minha vida. Sobre a amizade a mesma coisa, ficaram os poucos e bons. Sabe aquelas obrigações que o mundo te coloca? Tais como: LEIA MAIS [...] -
Contando no trabalho…
Tenho alguns momentos marcados e muitas vezes os revivo em minha mente como se eles fizessem questão de não ser esquecidos. Para quem descobre a doença uma das partes mais difíceis é contar para os outros. Procurava sempre fazê-lo pessoalmente, pois queria que me vissem "bem" e assim imaginava que o susto seria menor. Infelizmente não consegui fazer dessa maneira com todos e alguns acabaram tendo a notícia por telefone. Conseguia perceber o choque só de ouvir suas vozes ou às vezes no próprio silêncio que se criava. Elas precisavam de um tempo para assimilar a notícia, pois eram pegas desprevenidas. Além de conhecidos, amigos e familiares, a notícia precisava ser anunciada no meu trabalho. Estava há cerca de um ano na empresa e, claro, estavam cientes que algo estava acontecendo, pois desde quando o Doutor Jorge nos deu o diagnóstico, se cumpriam 15 dias que eu já estava com atestado médico, pois tinha passado pela primeira cirurgia (lembram? veja aqui). No LEIA MAIS [...]