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Chorar o câncer…
Nesse final de ano fiquei um pouco sensível e não foi necessariamente pelas festas e a virada de um novo ciclo. Comecei antes disso, a me sentir emotiva demais. Como se alguém tivesse aberto uma porteira que há tempos estava fechada. As lágrimas pareceram se sentir livres de uma vez por todas e se apaixonaram pelo mundo exterior, além dos olhos. Gostaram de acariciar minha face, de umedecer meu olhar e aliviar algo aqui dentro. Juro, podia estar vendo uma série, que uma cena qualquer me dava vontade de chorar. Algumas outras vezes o choro continha um pouco de dor e tristeza. Comecei a relembrar algumas fases no meu tratamento e chorava desconsolada por não acreditar que vivi tudo aquilo. É porque olhando para trás, a gente não entende como tivemos força. Foi tanta coisa. Faz pouco mais de três anos que estou em remissão e ainda abro gavetas na minha alma para liberar dores acumuladas e tristezas ocultas. Acho isso natural, saudável e se pararmos para analisar, LEIA MAIS [...] -
Por que falar sempre sobre câncer?
Essa é uma questão que já foi levantada por alguns poucos familiares, por conhecidos e de repente isso já passou pela sua cabeça. “Ela já está curada (em remissão) pra que falar sempre sobre isso?” Vou dar algumas respostas começando pela mais singela, pura e clara, falando diretamente para quem pensa assim (espero que não seja você): eu me sinto muito à vontade com minha história! Exatamente! A doença faz parte da minha vida, de aprendizados inesperados, de forças recuperadas, de momentos intensos e emocionantes. Eu não sei vocês, mas eu não consigo, nem quero apagar uma coisa dessas. Apesar da dor, prefiro trabalhar e assumir esse período da minha vida e transformar ele numa Rosa 🌹 branca, com toque suave e tão bela que nos faz dar mais atenção a isso do que aos espinhos do caule. Quero dar mais destaque ao bom, ao belo e ao transformador de viver duas vezes esse mesmo capítulo. Tá bom, não exatamente o mesmo, mas as linhas dessa história LEIA MAIS [...] -
Um relato sobre a recidiva
Você começa dividida em dois, uma parte de você fica incrédula esperando o momento que alguém vem te acordar ou um acontecimento bíblico acontecer mudando todo o rumo do que está prestes começar: um novo tratamento, uma nova cirurgia, um novo mergulho no mais profundo da sua existência. Por outro lado a realidade vai ficando cada vez mais aparente e esse mix é uma combinação angustiante. Só você sente essa dor aí dentro e por mais que muitas pessoas queridas queiram, não conseguem te ajudar da única maneira que você gostaria nesse momento: dizendo que tudo isso não passa de um erro, que você não vai precisar conviver com a doença de novo, que tudo isso não passa de uma mentira, uma brincadeira de mau gosto. Depois dessa primeira fase, vem a cara feia, choro, tristeza e a briga com o universo: “não acredito que você foi capaz de fazer isso comigo”. Ficar chateada parece uma palavra pequena e pouco forte para descrever, na verdade você fica com LEIA MAIS [...]