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Contando no trabalho…
Tenho alguns momentos marcados e muitas vezes os revivo em minha mente como se eles fizessem questão de não ser esquecidos. Para quem descobre a doença uma das partes mais difíceis é contar para os outros. Procurava sempre fazê-lo pessoalmente, pois queria que me vissem "bem" e assim imaginava que o susto seria menor. Infelizmente não consegui fazer dessa maneira com todos e alguns acabaram tendo a notícia por telefone. Conseguia perceber o choque só de ouvir suas vozes ou às vezes no próprio silêncio que se criava. Elas precisavam de um tempo para assimilar a notícia, pois eram pegas desprevenidas. Além de conhecidos, amigos e familiares, a notícia precisava ser anunciada no meu trabalho. Estava há cerca de um ano na empresa e, claro, estavam cientes que algo estava acontecendo, pois desde quando o Doutor Jorge nos deu o diagnóstico, se cumpriam 15 dias que eu já estava com atestado médico, pois tinha passado pela primeira cirurgia (lembram? veja aqui). No LEIA MAIS [...] -
Relembrar
Pensar em escrever sobre o que já passou, contém alguns desafios: relembrar de tudo e fazer pessoas queridas voltarem no tempo, mexer com sentimentos que estavam adormecidos e, além disso, surpreender a alguns conhecidos que por, incrível que pareça, não sabiam que tive câncer. Fiquei bastante surpresa com a repercussão do blog, pois de imediato comecei a receber inúmeras mensagens de amigos, conhecidos e, para minha felicidade, mensagens de pessoas que ainda não tenho contato. Não as conheço por um lado, mas muitas das vezes abro suas fotos e logo vejo que algumas delas ainda estão em tratamento e então sinto que de alguma forma estamos ligadas. Pelo números de acessos, sei que outros estavam lendo, mas quando recebo essas mensagens carinhosas, fico muito emocionada. Automaticamente abro um sorriso, muitas vezes em meio a lágrimas, pois me mostra que tudo está valendo a pena. Relembrar de tudo às vezes dói, mas nada comparado à sensação de felicidade em LEIA MAIS [...] -
Quarto de hospital
Quando me internei num domingo fui preparada com minha mala de mão e nela alguns livros, uma bíblia, um pijama azul quentinho que a avó do Caio tinha me dado e coragem, muita coragem. Fiz a papelada junto a minha família e logo fui encaminhada para o quarto que seria compartilhado com mais 5 pacientes. Andando naqueles corredores o hospital parecia tão grande, pouco cuidado, mas as pessoas que encontrei ali foram pessoas sábias, de fé e cheias de amor. Fiquei numa cama perto da janela. Estávamos no inverno e, apesar de estarmos no Rio de Janeiro, fazia muito frio. Minha mãe logo deixou minha cama o mais aconchegante possível, com a colcha e travesseiro que havíamos levado. Eles tiveram que ir embora ao anoitecer e eu logo pusera meu pijama azul de plush e deitei o mais aquecida que pude. Ao meu lado uma senhora rezava alto e às vezes entoava algum cântico evangélico que me trazia paz. Ao outro lado, perto da porta, uma jovem loira com um sorriso enorme era muito LEIA MAIS [...]