Em prol do outro…
Eu morro de medo de tirar sangue. Basta eu saber que terei que fazer um exame pra já começar a me preparar psicologicamente, o que normalmente não surte muito efeito na hora. A tensão é preliminar e, em 99% das vezes, quando a agulha entra na minha veia, já sinto minha pressão baixar e vou ficando fraco. Pra se ter uma ideia, minha fobia era antes extensiva a olhar outra pessoa tirando sangue também e só de entrar em hospital não me sentia bem.
Eu não gosto disso e queria mudar essa parte em mim, mas realmente não sei como fazer e considero que é sempre melhor reconhecer nossas fraquezas do que ignorá-las.
Entendi que pela Linda tive que enfrentar meu medo e me acostumar com essas sensações. Fui em todas as sessões de quimioterapia, boa parte das de radioterapia e inúmeras consultas e exames. Pra mim não tinha alternativa, era eu passar por cima disso para acompanha-la ou deixa-la ir sozinha em muitas vezes, o que não considerava uma opção.
Isso me fez pensar no quanto em prol do outro nós evoluímos e vamos superando nossas próprias barreiras.
Estar num hospital, ver pessoas tomando quimioterapia ou tirando sangue, não é mais tão desconfortável como antes. A necessidade que se mostrou em uma conjuntura como essa provocaram essa adaptação minha, ainda que parcial, em relação a isso.
Talvez eu não vá me acostumar em tirar sangue, mas já não sou o mesmo de antes nesse sentido.
A Linda certamente também enfrentou diversos medos e situações em prol de mim, da família e dela mesma. Afinal, como ela mesma sempre diz: “você vai passando e as armas surgem de onde você pensa que não vai poder mais.”