Linda Rojas

A cura não apaga o passado…

Estar bem, com saúde, livre do câncer, não quer dizer que sua vida “continua normalmente”. Na verdade, nada mais é “normal”.

Aliás, a gente não quer que mais nada seja “normal”. Começamos a querer que tudo, absolutamente TUDO, faça algum sentido e você inicia uma empreitada de vida querendo dar sentido a tudo que forma a sua existência.

É como se junto àquelas gotinhas de quimio, viesse um elixir que te deixa motivado a ir em busca de coisas completas ou que pelo menos sejam completas para você. Geralmente conseguimos, mas esse novo modelo de vida, não deixa atrás tudo o que passamos.

Por mais que o caminho e a vida sejam outras, em muitos instantes você vai ter a sensação de ter tido um “déjà vu”, um flash, uma recordação ou seja lá como você quiser chamar.

Se trata de, por exemplo, fazer aniversário esta semana e estar completamente feliz, porém em momentos inimagináveis, vir aquela lembrança dos diagnósticos, já que por coincidência ocorreram às vésperas da data do parabéns.

Quando isso acontece é inevitável não se sentir mais leve enxergando que está tudo diferente. Aí sem perceber você respira fundo e libera o ar pela boca, como se esse ato testasse o funcionamento dos pulmões ou a própria condição de estar VIVA!

A cura não apaga o passado, ao contrário, embora muitas vezes algumas pessoas achem que isso é um martírio, eu prefiro acreditar que é isso que nos preenche de ar e completa nossa existência.

 

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