Linda Rojas

Mundo Invertido

Quando a gente tem o diagnóstico, automaticamente você entra num mundo paralelo e sempre foi muito difícil conseguir explicar essa experiência. Porque quando começo a falar dela, claramente se abre essa lembrança na minha mente e consigo ver exatamente o cenário. Aí, queria que vocês entrassem na minha cabeça e entendessem essa parte da história, assim, como um filme.

Você sai do consultório e sem mais nem menos o mundo está totalmente diferente. Começa a andar e provavelmente vai pra casa, você só quer ir pra casa, para liberar todas as emoções sem olhares pelo caminho. Olhando a cidade e ruas que conhece, repara que tudo parece estar em câmera lenta, o ar fica denso e de tão denso parece que tem cor. Aí, embora seja dia, tudo parece desbotado, não cinza, mas desbotado. Apático. Você pensa em tudo em que está passando e sem querer seu olhar para em algumas pessoas e tenta imaginar como elas com certeza não têm ideia do que você está vivendo. Elas estão rindo. A vida continua pra elas. Mas pra você não, parece que você entrou num mundo diferente e desconhecido.

Sei que ainda que tente descrever, você não consegue visualizar. É muito intenso e por maior que seja sua imaginação ainda me parece que ele precisa ser retratado. Então, lembrei de uma série que muitos viram: Stranger Things. Vocês se lembram do mundo invertido? Lá onde o Will fica preso? Bingo! É lá que a gente parece que vai parar.
Para quem ainda não assistiu, o Mundo Invertido é uma dimensão espacial paralela que coexiste com a nossa própria. Ela se parece muito com os locais correspondentes que você vive.
Embora sempre corajosos, inevitavelmente começamos a ter medo e começamos uma luta para achar a saída. Você se sente preso nisso.
Aos poucos você começa a reconhecer a área e consegue se defender, mas ainda há muita luta para sair dessa dimensão. Então quando tudo acaba e você volta a ver as cores sem nenhuma interferência, você as admira como uma criança que vem à vida pela primeira vez. Você se pega sorrindo com coisas corriqueiras e aquilo te enche de uma forma inexplicável. Você se transforma numa pessoa plenamente feliz.

 

Ainda me pego rindo sozinha na rua ou metrô ou em qualquer lugar, pois vivi momentos inesquecíveis e a fortaleza de estar de volta é pacificadora.

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