Mundo Invertido
Quando a gente tem o diagnóstico, automaticamente você entra num mundo paralelo e sempre foi muito difícil conseguir explicar essa experiência. Porque quando começo a falar dela, claramente se abre essa lembrança na minha mente e consigo ver exatamente o cenário. Aí, queria que vocês entrassem na minha cabeça e entendessem essa parte da história, assim, como um filme.
Você sai do consultório e sem mais nem menos o mundo está totalmente diferente. Começa a andar e provavelmente vai pra casa, você só quer ir pra casa, para liberar todas as emoções sem olhares pelo caminho. Olhando a cidade e ruas que conhece, repara que tudo parece estar em câmera lenta, o ar fica denso e de tão denso parece que tem cor. Aí, embora seja dia, tudo parece desbotado, não cinza, mas desbotado. Apático. Você pensa em tudo em que está passando e sem querer seu olhar para em algumas pessoas e tenta imaginar como elas com certeza não têm ideia do que você está vivendo. Elas estão rindo. A vida continua pra elas. Mas pra você não, parece que você entrou num mundo diferente e desconhecido.
Sei que ainda que tente descrever, você não consegue visualizar. É muito intenso e por maior que seja sua imaginação ainda me parece que ele precisa ser retratado. Então, lembrei de uma série que muitos viram: Stranger Things. Vocês se lembram do mundo invertido? Lá onde o Will fica preso? Bingo! É lá que a gente parece que vai parar.
Para quem ainda não assistiu, o Mundo Invertido é uma dimensão espacial paralela que coexiste com a nossa própria. Ela se parece muito com os locais correspondentes que você vive.
Embora sempre corajosos, inevitavelmente começamos a ter medo e começamos uma luta para achar a saída. Você se sente preso nisso.
Aos poucos você começa a reconhecer a área e consegue se defender, mas ainda há muita luta para sair dessa dimensão. Então quando tudo acaba e você volta a ver as cores sem nenhuma interferência, você as admira como uma criança que vem à vida pela primeira vez. Você se pega sorrindo com coisas corriqueiras e aquilo te enche de uma forma inexplicável. Você se transforma numa pessoa plenamente feliz.
Um comentário
Carolina
Você definiu o que vejo e como vejo o mundo nesse momento! É aqui.Mas não é! Foi ótimo ler isso.