Drenos…por que tê-los!?
Acho interessante que hoje a informação chega até nós com muita mais facilidade. Há 5 anos eu passava pelo câncer de mama 1.0 e ansiava por achar alguns relatos mais específicos e fico feliz que atualmente existem algumas pessoas que se expõem com muita responsabilidade para tratar temas comuns a nós pacientes.
Ainda assim, parece que alguns assuntos são mais explorados do que outros, inclusive por mim. Por isso resgatei do fundo do baú algumas histórias sobre drenos.
Drenos servem para drenar o líquido do corpo, que pode se acumular na região e se tornar um foco de infecção.
Carinhosamente chamávamos ele de “perrito”, que significa cachorrinho em espanhol. Parecia um fiel amigo que te segue pela casa toda e fica ali, pendurado em você, ainda que estivesse longe de ser bonito e fofo. Na verdade, apesar da sua importância, eles não têm um bom aspecto. Como poderia? Já que armazena líquido de dentro do seu corpo.
A quantidade de dias para mantê-los no pós operatório é bastante relativa, varia de pessoa para pessoa. Mas nesse período precisamos despejar o conteúdo algumas vezes durante o dia e fazer anotações referentes à quantidade que estava ali. Geralmente vai diminuindo e aí podemos comemorar, pois quanto menos for saindo, mais rápido o médico tira esse penduricalho de nós.
Na primeira vez que tirei eles, depois do câncer 1.0, não senti nada. O médico tira o pontinho que o deixa fixo e em seguida puxa a mangueirinha suavemente e…tcharam!! Acabou!! Assim, como num passe de mágica.
Desta vez, na 2.0, minha cirurgia foi maior, passei pela dupla mastectomia e implante de silicone. Fiquei com 3 drenos, já que além de cada um drenar um seio, fiquei com um na costela, que se encarregava de sugar o líquido das costas, já que tirei pele e músculo dorsal pra a reconstrução. Ou seja, tinha 3 “perritos”.
É fundamental não perder as medidas e anotar a quantidade de cada um separadamente para não se perder, esses números tem que ser passados periodicamente para o médico e é imprescindível que sigamos as recomendações dadas por ele.
Quando fiz a retirada, foi numa consulta com o cirurgião plástico, ele checou e viu que 1 deles estava pronto para ir embora. Fiquei suuuuper tranquila, afinal já tinha passado por isso e sabia bem que não sentiria nada. Mas assim que começou a puxar, senti lágrimas e algo como ferro quente deslizando dentro do meu seio recém operado. Gritei e chorei.
Ele já havia retirado a metade e não podíamos deixar o resto da mangueira ali, precisava passar por mais essa tortura. Meu cirurgião foi muito carinho e paciente e continuou no meu ritmo, devagar entre um grito e outro. Saí do consultório acabada, nunca tinha sentido tanta dor física, mas o que mais me assustava era que dentro de 2 dias, tiraria os outros durante a consulta com o mastologista.
Quando chegou o momento, reuni todas as minhas forças e avisei ao doutor Augusto que se preparasse, pois gritaria bastante. Que não se preocupasse e continuasse o seu trabalho, eu suportaria, queria me ver livre deles. Quando acabei de falar ele me mostrou os 2 drenos em sua mãos. Pronto, já havia tirado. Nem tinha sentido e quanto mais olhava para aquele tubo longo, não podia acreditar.
Rimos muito e aproveitei minha liberdade sem eles!!
Meus queridos, a retirada é sempre assim, indolor. Ao todo, em minha vida, já tive 4 drenos e apenas um doeu, isto por um mero acaso. Aposto que foi neste que você se concentrou, né!? Mas peço aqui que você foque nos outros 3.
Um comentário
Jacqueline
Precisei de um dreno para retirar o líquido do pulmão, fiquei uma semana com ele e não sentia incômodo, a não ser pra dormir já que tinha medo de soltar sozinho…rs
Bem… Pra retirar, o médico pediu que prendesse o ar e aguentasse firme… alguns puxões e foiii… Já estava livre 🙏
Essa foi minha única experiência. Beijinhos no ❤