Sobre sexualidade #50tonsderosa
Em alguns momentos, enquanto o Caio me acariciava, pensava em tantas outras coisas que quando voltava àquele segundo, tinha perdido algo daquele carinho. Aí tudo ia ficando cada vez mais confuso e lógico, a única resposta para essa falta de conexão na intimidade do meu relacionamento, para mim, estava dentro da minha cabeça. Afinal, havia acabado de passar por uma cirurgia grande e sem dizer que voltar a fazer quimioterapia, perder os cabelos e todos os outros efeitos colaterais ocupavam muito espaço na minha agenda mental.
Quando essa situação começou a se repetir e vi que de fato estava demorando a “pegar o ritmo” na hora do nosso amor e custava para me envolver completamente no ato, fiz uma coisa MUITO importante: conversei.
Isso, simples assim! O diálogo sempre foi frequente entre nós, inclusive falando SOBRE SEXO!
Sempre nos comunicamos muito bem e confessamos um ao outro qual parte é melhor, de que jeito gostamos mais, no que podemos inovar e fazemos isso com muita cumplicidade entre uma risada e outra e muito desejo mútuo. O fato de estar como paciente, não se sobrepôs ao meu lado mulher. Ainda que meu pensamento estivesse longe, nunca deixei a “peteca cair” e continuava usando minhas melhores camisolas, lingeries e tratava de manter o foco, ali naquele momento. A conversa foi ótima e o Caio se colocou à disposição para me “agradar” mais e me manter entretida dos meus pensamentos dispersos.
Mal deu tempo de colocarmos tudo isso em prática e numa consulta com meu oncologista ele abordou o assunto ABERTAMENTE, independente da presença de minha mãe e disse: “Caio, você vai ter que caprichar ainda mais nas preliminares!”
Os medicamentos que ainda faço uso, Zoladex e Aromasin, me causam uma menopausa precoce, consequentemente rola uma baixa de libido e atrofia/ressecamento vaginal. Então estava tudo explicado e eu achando que era minha cabeça que andava no mundo da lua.
Olha como foi fundamental o médico ter abordado este assunto, sem tabus, e esclarecendo qualquer situação que estivesse ou fosse passar, além de me dar uma solução prática como um creme 2 a 3x na semana. Agora, imagina outro cenário, se eu e meu marido não conversássemos e se o doutor Gilberto não tivesse explicado essa reação.
UMA FALTA DE COMUNICAÇÃO GENERALIZADA!!
Num momento tão delicado isso pode gerar baixa na autoestima na mulher e causar uma série de problemas que seriam facilmente evitados se fossem trazidos à tona. E é exatamente por isso que topei ser embaixadora da Fundação Laço Rosa este ano, além de serem uma baita inspiração para nós, estão trazendo esse assunto para ser debatido, não somente entre nós pacientes, mas para cobrar que os médicos o façam. Tudo isso numa campanha linda chamada #50tonsderosa e ainda fiz um ensaio lindo com a fotógrafa Nana Moraes que vai virar exposição na semana que vem, mas vou dar uma palinha pra vocês. Tô ansiosa!
Nós podemos manter nossa vida sexual mesmo passando pela doença, que é passageira. Conheçamos nosso corpo, amemos quem nós somos e vamos exaltar essa beleza que está além de seios, cabelos e corpos. E, principalmente, conversemos sobre os assuntos!