Força na peruca!
No decorrer daquela semana entrei na missão peruca perfeita. Queria estar preparada quando o cabelo começasse a cair.
Comecei fazendo uma busca pela internet de lojas que além de vender, fizessem a manutenção dela. Andei por Copacabana (onde morava) inteira e para minha surpresa haviam pelo menos 5 opções.
Quando entrei na primeira loja que é bem tradicional aqui no Rio, logo percebi um cheiro esquisito, era um misto entre naftalina e guardado. Essa loja atua há muitos anos e seu público-alvo são senhoras elegantes que procuram opções de cortes e penteados prontos para diversificar dependendo da ocasião.
Expliquei para a atendente que dentro de alguns dias iniciaria a quimioterapia e gostaria de estar preparada. Ela me fez sentar em umas das cadeiras do salão principal e fiquei entre duas senhorinhas com cheiro de colônia. Expliquei o que tinha em mente e ela ao contrário do que eu tinha lhe sinalizado trazia opções que não me agradavam e meio sem jeito tentava forçar a peruca para entrar na minha cabeça cheia dos meus próprios cabelos.
Saí dali rapidamente com minha mãe e então entramos na segunda loja. Quando expliquei o motivo para a moça, que era muito gentil, ela me fez entrar num espaço privado, uma espécie de box particular onde delicadamente preparou meus cabelos e os enfiou dentro de uma touca fina, assim a peruca encaixava perfeitamente e me dava a ideia real de como ficaria. Trouxe algumas opções de corte e inclusive de cores. Disse que aproveitasse para modernizar o look e inovar.
Fiquei impressionada com a qualidade delas. Haviam de fio verdadeiro e as sintéticas que apresentavam o mesmo efeito. Em toda a parte de cima, mais aparente, o couro cabeludo era perfeitamente imitado por uma tela cor de pele e quando jogava o “cabelo” de um lado para o outro o efeito era o mais natural possível.
Quando entrei na terceira loja o atendimento foi bem parecido ao anterior. Uma sala privada, pessoas gentis e opções certeiras. Quando a moça acabou de colocar em mim o segundo modelo apresentado, sabia que seria esse!
O caimento era perfeito, o tom igual ao meu e o tamanho na altura do ombro dava a impressão de simplesmente ter renovado meu corte. Queria essa!!
Saí dali com a promessa que voltaria no dia seguinte. Levei o Caio e não contei de qual tinha gostado e apenas provei algumas e a escolhida por mim entre elas. Quando coloquei aquela ele imediatamente disse que era a melhor. Estava decidido.
Voltando ao primeiro piso, onde a loja vende também alguns acessórios, fiquei distraída vendo alguns brincos enquanto embrulhavam meus novos cabelos. No momento que me aproximei do balcão a moça simpática me entregou a caixinha com a peruca numa sacola e me desejou boa sorte. Lembrei a ela que precisava pagar, então ela abriu um sorriso e imediatamente notei um olhar cúmplice entre ela e o Caio. Ele já tinha pagado.
Esse gesto fez da peruca um símbolo especial de amor, fora a missão dela de disfarçar um pouco os traços da doença e em muitos momentos até passar despercebida.
Após o tratamento ela foi doada com muito amor para uma senhora, parente de uma amiga. Recebi algumas fotos dela sorrindo com a peruca que lhe caiu muito bem.
E eu? Fiquei com a alma renovada em saber que assim como aquele amontoado de fios me fez esquecer muitas vezes da falta dos meus, agora outra pessoa poderia usufruir deles.
Falar sobre esse assunto me deu uma ideia para um próximo Post 🤔
Que tal falarmos de moda durante a quimio?
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2 Comentários
janete jane ribeiro da costa
Incrível!! A sua história é bem parecida com a minha Rsrs… Estou em tratamento, meu cabelo caiu. Estou nesse dilema de peruca
Linda Rojas
Vc vai achar a perfeita que encaixará como o sapatinho da Cinderela 🙂
Eu se pudesse voltar no tempo, usaria menos a peruca e ficaria mais carequinha mesmo ou lenços.