Linda Rojas

A descoberta – Parte II

O Doutor Augusto nos recebeu e foi rapidamente explicando todos os detalhes. Ele pegou um pedaço de papel, um lápis e desenhou meu tumor. Explicou em qual parte do seio ele estava e que de alguma forma ele não havia se comportado da maneira esperada, não havia irradiado, segundo os exames, mas de qualquer maneira teria que operar novamente e, possivelmente, tirar a mama toda. Avisou que depois da operação seria submetida a tratamentos e, após a primeira quimioterapia, meu cabelo iria cair todo.

Ele era Diretor de mastologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Hospital do Fundão (UFRJ) – no Rio) e então meu tratamento seria feito todo lá. Precisava operar rápido e assim limpar tudo o que o tumor contaminou. Fiz muitos exames e, em uma semana, entrei novamente na sala de cirurgia.

Hospital Clementino Fraga Filho
Hospital Clementino Fraga Filho

O fato de tudo ter ocorrido rápido e o jeito como meu médico agiu, sem rodeios, foi fundamental para mergulharmos de cabeça na solução e não no problema. Quando os problemas começam a crescer (por maiores que já sejam) é perigoso deixar te envolverem tanto que, quando você menos espera, já está entregue a eles.

Entrei naquela operação com grande chance de tirar um seio. Embora o Doutor Diogo Franco, cirurgião plástico, também do hospital, estivesse lá para deixar tudo preparado para dali a uns três meses colocar uma prótese de silicone, eu sairia sem um órgão. Meu peito, muito provavelmente, estaria reto dentro de algumas horas.

Como em muitos momentos de minha vida não tomei o peso daquilo. Estava sendo o mais prática possível e, na verdade, só conseguia pensar que a falta de uma mama não alteraria muita coisa na minha vida, como de repente algum outro órgão faria.

Sabia que aquela força e coragem podiam acabar depois que me olhasse no espelho e me deparasse com as marcas que vida tinha me deixado. Mas não ia pensar nisso agora…não podia! O universo já estava sendo muito bom comigo ao me entregar as ferramentas para passar por tudo.

Acordei depois de 7 horas de cirurgia, estava com muito frio e com o tórax enfaixado, numa sala de pós operatório. Haviam outros pacientes ali e logo alguns médicos foram me ver e perguntar se estava tudo bem.

Ainda zonza levantei a mão direita como pude e a levei até o local. Toquei discretamente por debaixo da faixa, tentando perceber minha pele mais colada ao meu corpo do que nunca, mas pensei: Ah está tudo bem, ainda está “fofinho”. Quando me dei conta, minha tia (irmã do meu pai) estava ao meu lado muito emocionada, dizendo: Está tudo bem meu amor, não precisou…não precisou tirar.

Cheguei no quarto, compartilhado com mais 5 pacientes, mas logo vi em volta de minha cama rostos conhecidos.

Todos estavam aliviados e felizes em me ver. Eu estava bem e me sentia abençoada por tê-los comigo e extremamente grata a Deus por estar viva. Com seio ou sem seio, eu estava viva!!!

 

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2 Comentários

  • Roberta Camargo

    Amiguinha,
    estou muito orgulhosa da iniciativa de vocês, e fico muito, muito honrada em ter feito parte deste momento tão delicado e especial da sua vida. Especial porque foi a grande oportunidade de crescimento que você teve, talvez a maior de todas, e foi escolhida a dedo para ser a pessoa que venceria isso tudo e inspiraria outros grandes guerreiros que existem por aí.
    Parabéns parabéns parabéns!!! Estou contigo, conte sempre com a minha amizade.
    Muuuuuuuuitas saudades! Abraços energizantes =DDDDD

    Caio, obrigada por ser esse companheiro maravilhoso e fazer minha amiguinha feliz. Que vocês sejam muito iluminados sempre!

    Beeeijão!!!!!!!!!

  • Gabriela Faria

    Garotinha,

    sua mãe acertou direitinho no nome e na confeccção! Você é mesmo muito linda! Em todos os aspectos!!!
    Parabéns demais pela coragem, pela fé na vida e principalmente pela iniciativa de contar sua história, que certamente inspirará muita gente!

    Beijo enorme em vocês todos! Tã-lã!

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