Linda Rojas

Contando no trabalho…

Tenho alguns momentos marcados e muitas vezes os revivo em minha mente como se eles fizessem questão de não ser esquecidos.

Para quem descobre a doença uma das partes mais difíceis é contar para os outros. Procurava sempre fazê-lo pessoalmente, pois queria que me vissem “bem” e assim imaginava que o susto seria menor. Infelizmente não consegui fazer dessa maneira com todos e alguns acabaram tendo a notícia por telefone.

Conseguia perceber o choque só de ouvir suas vozes ou às vezes no próprio silêncio que se criava. Elas precisavam de um tempo para assimilar a notícia, pois eram pegas desprevenidas.

Além de conhecidos, amigos e familiares, a notícia precisava ser anunciada no meu trabalho.
Estava há cerca de um ano na empresa e, claro, estavam cientes que algo estava acontecendo, pois desde quando o Doutor Jorge nos deu o diagnóstico, se cumpriam 15 dias que eu já estava com atestado médico, pois tinha passado pela primeira cirurgia (lembram? veja aqui). No dia seguinte precisava voltar a minha rotina profissional, mas os planos haviam mudado e tinha avisar que avisar a eles. Peguei o telefone e liguei para minha gerente, Renata Lima. Não consegui segurar as lágrimas e nem mesmo parecer tranquila ao contar que estava mesmo com câncer, que aquele tumor era mesmo maligno.

Lembro que semanas antes eu havia apalpado o nódulo que ficava na parte inferior do seio direito e ela ficou bastante surpresa quando consegui “pega-lo” com o polegar e o indicador em forma de pinça. Parecia uma pedrinha deformada e era incrível como conseguíamos toca-lo completamente e sentir sua forma irregular.

Sei que depois disso a Rê, no fundo, já sabia meu diagnóstico, conseguia ler isso em seus olhos, mas ela em momento nenhum o externava.
De qualquer forma a notícia não se tornou mais leve para ela e apesar disto me disse que tudo ficaria bem, que eu iria me tratar, receber cuidados médicos, que eu era forte e que conseguiria vencer essa batalha. Pediu para me acalmar e não me preocupar que ela contaria para meus colegas e outros gestores.

Uma dia depois de minha segunda cirurgia, ainda no hospital, ouço minha mãe falando ao telefone com uma amiga da família, que estava dando entrada no meu afastamento pelo INSS.

Fiquei muito surpresa, pois ela contou que minha empresa tinha disponibilizado todos os documentos necessários de forma muito rápida e eles mesmos tinham nos orientado de como proceder.

Facilitar esse momento em que temos tantas burocracias para resolver, estando tão vulneráveis, foi um gesto de muito profissionalismo, parceria e solidariedade.

Sou muito grata a vocês: Renata, Dani, Bethânia, Érica e toda a equipe Totem.
Não tenho como esquecer o carinho que me deram, as ligações, a forma como acompanharam meu tratamento e a calorosa recepção ao voltar depois de um ano. Fui recebida de braços abertos e, por este, e outros motivos vocês se tornaram parte de minha história.

Que as empresas possam ter este exemplo e acolham os funcionários com sensibilidade e respeito, ainda mais em momentos como este.

No vídeo abaixo temos uma referência pelo bonito gesto de Silvio Santos.

 

 

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